Era uma vez um pássaro que era um Corvo-Marinho.
Ora normalmente o corvo-marinho gosta muito de mergulhar na água, lá do alto de
forma a avistar bem os peixes que quer pescar. Mas o corvo desta
história passava os dias a pensar no cimo de uma grua à beira-mar e não queria
nem pensar em mergulhos. Pensava na sorte dos pescadores que não tinham de
mergulhar para encontrar o almoço, pensava para onde iria todo aquele peixe
transportado nas traineiras e pensava na sorte dos gatos a quem sempre se
atirava uma sardinha ou duas ali perto, no porto. Os seus irmãos, pelo
contrário, divertiam-se a mergulhar, engordavam a pescar e recolhiam ao ninho
muito bem-dispostos. A dada altura,
o pai do Corvo-Marinho começou a ficar preocupado pois via o seu filho
mais novo cada vez mais magro e pensador:
-Meu filho, tens de pensar menos e mergulhar mais.
Como é que te vais alimentar?
Num dia de muita fome e de muito pensar, o
corvo-marinho lembrou-se do Gato Mateus e das varinas da Madragoa. Quando o
gato se enrolava nas pernas delas, havia sempre uma que caía juntamente com a
cesta do peixe. Essa era a altura ideal para apanhar o peixe do dia, e sem ter
de mergulhar! E foi assim que o Corvo-Marinho, que deixou de ser marinho, nunca
mais pôs as patas no mar e começou a engordar.
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