Friday, December 14, 2012

ERA UMA VEZ... A Margarida


Era uma vez uma menina com nome de flôr. A Margarida, assim se chamava ela, era muito sonhadora. Punha-se horas à janela a magicar e a observar o que se passava lá fora. Era nos dias de Inverno, quando as chuvadas paravam, que mais tempo passava à janela. Observava os pingos de chuva a caírem das folhas verdes dos choupos, ria-se quando os caracóis, muito lentos, começavam a pôr os pauzinhos ao sol, ia imaginando o sabor das folhas tenras que as lagartas comiam e invejava a cãozoada a esparramar-se nas poças de água que nasciam da chuva. Enquanto esta vida animava lá fora, a Margarida entretinha-se a fazer uma coisa muito feia:
- Ó Margarida, não é possível. Como é que uma menina tão bonita pode estar sempre a tirar macacos do nariz... Repreendia a Avó.
A Margarida encolhia os ombros e continuava muito concentrada a olhar lá para fora, enquanto tirava os macacos do nariz.
Num dia de sol, a Margarida estava à janela muito quieta, quando a Avó pára e exclama:
- Margarida, não posso acreditar. Não estás a tirar macacos do nariz! Mas que raio de sol te deu?
- Acontece que tirei tantos macacos do nariz que fiquei sem nenhum para amostra...

Thursday, November 29, 2012

ERA UMA VEZ... A Rosa Maria e o Cor de Rosa



Era uma vez uma menina cuja cor preferida era o cor de rosa, ou não se chamasse ela Rosa Maria.

A Rosa Maria procurava a cor do seu nome em todo o lado: nas roupas que vestia, nos livros que lia, nos brinquedos com que brincava e até nas coisas que comia.
- Rosa Maria, tens direito a duas bolas de gelado. Que sabores queres? Perguntava a mãe da Rosa já sabendo a resposta:
- Mmmm, acho que vou escolher morango e framboesa. São os gelados da minha cor preferida!
Mesmo as amigas da Rosa Maria que também gostavam de cor de rosa, tinham dificuldade em distinguir os brinquedos da amiga cada vez que iam lá a casa e entravam no seu quarto. A cama era cor de rosa bébé, as cortinas eram cor de rosa shocking, o tapete era cor de rosa velho, a mesa era cor de rosa fuchsia, as estantes eram cor de rosa clarinho... e por aí fora.
Um dia, ao acordar, a Rosa Maria ficou horrorizada. Quando foi pentear o seu lindo e comprido cabelo louro, este tinha-se transformado em cor de rosa.
Depois desse dia, e de muito ter sido olhada e comentada na escola, a Rosa Maria nunca mais quis saber da cor rosa – só mesmo o Rosa do seu nome, que desse não se podia livrar.

Thursday, November 22, 2012

ERA UMA VEZ... As Duas Vizinhas



Era uma vez duas vizinhas que gostavam muito de conversar.  A Sra. Joaquina saía todos os dias de manhã para comprar o jornal para o  seu marido. Era, então, na esquina da padaria do bairro que se encontrava com a Sra. Graciete, que já vinha aviada com 6 papos-secos para o pequeno-almoço.

- Ontem experimentei chá de gengibre, ao que parece é muito bom para as constipações...
- Pois ontem, imagina, estive duas horas à espera do meu neto que ficou de vir varrer-me o pátio...
- E olha, por falar em constipações, a Narcisa ficou doente...
- Ah deve ter sido daquela rabanada de vento, que por sorte me varreu o pátio...
E tudo era pretexto para continuar a conversa.
Naquela manhã, quando o Sr. Horácio foi ler o jornal as palavras tinham desaparecido das páginas:
- Tens tanta ganância de falar que até as palavras do meu jornal comes! Amanhã vou eu comprar o jornal.

Monday, November 12, 2012

ERA UMA VEZ... A Luísa da Juba de Leão


Era uma vez uma menina chamada Luísa da Juba de Leão. Assim era chamada por causa do seu cabelo forte e encaracolado que, para além de ser muito denso, tinha uma cor muito especial – era cor de laranja. Mas apesar de ser muito original, a Luísa não gostava nada do seu cabelo, tão pouco de ser chamada de juba de leão. Todos os dias refilava que não conseguia penteá-lo - não havia pente nem dedos que ali entrassem - e todos os dias se irritava com os colegas da escola por não a chamarem pelo nome verdadeiro.
Certa vez, furiosa, virou-se para os colegas: - Se eu sou a juba de leão, e o leão é o rei da selva, isso faz de mim a rainha da sala. A partir de agora, sou eu que mando e vocês têm de fazer tudo o que eu disser. A não ser que deixem de me chamar juba de leão...
A partir desse dia, nunca mais se ouviu falar da juba de leão!

Thursday, November 8, 2012

ERA UMA VEZ... O sono da sorte


Era uma vez um  menino chamado Afonso. O Afonso gostava muito de jogar à bola mas do que ele gostava muito, mas mesmo muito, era de dormir.

Um dia a mãe chamou-o e disse-lhe: - Afonso, a tua avó pediu que fosses ajudá-la a varrer as folhas do pátio. A seguir podes ficar lá a jogar à bola.
O Afonso pôs-se ao caminho, entusiasmado com a ideia de poder jogar futebol. Fez o percurso do costume, mas para chegar mais rapidamente, decidiu fazer corta-mato pelo jardim. Eis senão que ao passar por um radioso campo de narcisos, os olhos começam a pesar, a boca desata a bocejar e em 10 segundos já estava o Afonso a dormitar junto das flores. E foi a sua sorte! Nesse fim de tarde, houve uma rabanada de vento que levou tudo pelo ar, inclusivamente as folhas do pátio da avó . E embora atrasado pela sesta que fizera, o Afonso ainda conseguiu jogar à bola no pátio limpinho de folhas!

Friday, November 2, 2012

ERA UMA VEZ... O Senhor Pessoa





Era uma vez um senhor que se chamava Pessoa. O Senhor Pessoa vivia atormentado com o seu nome. A cada esquina que passava, o seu nome confundia-se nas conversas entre as pessoas e, ainda por cima, logo com ele que não gostava muito de se misturar entre as pessoas... Mas as pessoas achavam-no muito curioso pelas rimas que fazia: - Ai que prazer não cumprir um dever. Ter um livro para ler e não o fazer!...

Um belo dia, sentado a ver passar as pessoas, teve uma ideia: -  Vou inventar novos nomes para mim e assim vão deixar de me chatear.
E foi assim que o Senhor Pessoa passou a ser também o Álvaro, o Ricardo e o Alberto e, conforme o dia em que estava,  fazia rimas diferentes:
- Nem sempre sou igual no que digo e escrevo. Bom dia, hoje sou o Alberto.

Friday, October 26, 2012

ERA UMA VEZ... As Três Graças



Era uma vez três amigas. A Maria da Graça, a Graça Maria e a Gracinha andavam sempre juntas para todo o lado, embora fossem muito diferentes umas das outras. Uma gostava de bonecas, outra gostava de fazer puzzles e a outra gostava de jogar à bola. Uma gostava de gelado de morango, outra gostava de gelatina de ananás e a outra gostava de pudim de baunilha. Se uma pintava azul, outra riscava amarelo e a outra borrava com verde.

Por estarem sempre unidas mas por gostarem de coisas diferentes, muitas vezes havia discussão: uma deitava a língua de fora, outra fazia caretas e a outra virava as costas... e lá iam, cada uma para seu lado. A verdade é que ao fim de cinco minutos, pensavam: 
– Assim não tem graça!...
E fartas de estarem sózinhas, reencontravam-se e recomeçavam tudo outra vez!

Wednesday, October 17, 2012

ERA UMA VEZ... A Cinderela e as Botas




Era uma vez uma menina chamada Cinderela. A Cinderela vivia com as suas irmãs, Drizela e Anastácia, que a tratavam de uma forma muito injusta. Em casa, a Cinderela como menina generosa que era, dava tudo por tudo, trabalhava dia após dia e arrumava a casa de cima a baixo - mas as irmãs ainda lhe pediam mais coisas para fazer.

Um dia, já muito cansada de todo aquele esforço, a Cinderela resolveu pendurar lá bem alto as botas novas das irmãs que, cheias de pressa e atrasadas para sairem para uma festa, gritaram: 
- Cinderelaaaaaaa, as nossas botas novas?
E a Cinderela olhando para o alto: 
- Estão ali, muito bem arrumadas, tal qual pediram!

Monday, October 15, 2012

ERA UMA VEZ... Tanta Luz!


Era uma vez um quarto tão escuro, tão escuro que o Pedro tinha medo de ter sonhos maus e, portanto, não conseguia adormecer.

Uma noite, o pai do Pedro quis resolver o problema e então acendeu no quarto todas as luzes possíveis e imaginárias: o candeeiro da avó Zulmira, o candeeiro da antiga dona da casa, o lustre de cristal deixado de herança à mãe Cesaltina, o par de candeeiros de latão encontrados na rua e o candeeiro arte-nova que recebera de presente de casamento.
Já era noite dentro,  quando o Pedro foi ter com o pai com os olhos muito vermelhos e cheios de olheiras: - Pai, não consigo dormir com tanta luz que há no quarto.
Uma a uma, foram apagando as luzes até o quarto ficar completamente escuro – e eis que o Pedro conseguiu finalmente adormecer.



Friday, October 12, 2012

ERA UMA VEZ... Um prato tão bonito, tão bonito...


Era uma vez uma menina que não gostava de comer. Todos os dias a mãe da Sofia inventava uma receita para conquistar o apetite dela... Mas em vão. A Sofia serrava a boca, revirava os olhos, cruzava os braços e teimava em não comer!
Um dia a mãe lembrou-se: 
- Vou fazer um prato tão bonito, tão bonito que ela não vai resistir. Durante a tarde, a mãe da Sofia fechou-se na cozinha para preparar a sua obra de arte. Do lado de fora ouvia-se a Sofia: 
- Ai mãe mas que cheirinho tão bom...
Quando foram para a mesa e a Sofia continuava de boca serrada, a mãe não queria acreditar.
- Oh mãe este prato é tão bonito, tão bonito, tão bonito que eu muita tenho pena de o estragar!!!


Monday, October 8, 2012

ERA UMA VEZ... O Rato Gaspar e o Alguidar



Era uma vez um rato chamado Gaspar. O rato Gaspar era muito afoito e era o rato mais rápido lá do lugar. Todos ficavam muito impressionados pelas acrobacias que fazia e com os sítios a que o Gaspar conseguia chegar.

Um dia, para chamar a atenção da Carochinha, o rato Gaspar pôs-se a correr à roda do alguidar de lavar a roupa da Sra. Esperança. Deu tantas voltas e tão rápidas que caiu no alguidar. Foi a sorte dele. A Sra. Esperança que estava por perto e precisou do alguidar, despejou-o enojada: 
- Rataria!...
Mas apesar da façanha e da sorte que teve, a Carochinha foi casar com o João Ratão que, um dia mais tarde, caiu no caldeirão.

Thursday, October 4, 2012

ERA UMA VEZ... A Nossa Senhora, o Santo António de Lisboa e o Menino de Borracha

Era uma vez uma um Menino de borracha, um Santo António de Lisboa e uma Nossa Sra. de Fátima. Os três eram muito amigos mas todos os dias discutiam para ver quem ficava com o melhor lugar para ouvir os desejos, segredos e confissões das senhoras que ali se ajoelhavam.
Um dia a Senhora Narcisa ficou farta e decidiu:
- Tu, Santo António, que és o homem da casa, vais ficar na retaguarda. Tu Menino, és pequenino, vais ficar aí na frente para poderes olhar para todos. E Tu Nossa Senhora, que és a altiva cá do sítio, vais ficar de sentinela.
A partir daí nunca mais houve discussão!

Monday, October 1, 2012

ERA UMA VEZ... A Velha Esperança

Era uma vez uma velhinha chamada Esperança. A Esperança vivia a sua vida a lavar a roupa. Era magrinha e curvadinha mas lavava a roupa com grande vigor. Apesar das dores que a sua corcunda lhe fazia, todos os dias batia de porta em porta: 
- Quem quer roupa lavadinha e a cheirar a Esperança?!!!

- Olha, olha, lá vem esta falar de esperança... Gritava, azeda, a vizinha do 1º esquerdo.

Um dia a velha Esperança estava a lavar as calças encardidas do Sr. Horácio, o pintor do rés-do-chão direito, quando lhe escorrega o sabão das mãos. Muito curvadinha, aventura a mão pela água turva do tanque e eis que em vez de encontrar o sabão, trás à tona da água um reluzente anel de ouro e brilhantes.
Pois a partir daí nunca mais se ouviu a vizinha azeda do 1º andar.

Wednesday, September 26, 2012

ERA UMA VEZ... Os Três Bancos



Era uma vez três bancos para sentar. Todos os dias neles se sentavam muitas pessoas que estavam de passagem ali na rua. Umas mais apressadas sentavam-se uns segundos para descansar e logo se levantavam para seguir caminho. Outras, com mais tempo e ainda mais cansadas, ficavam mais tempo nos bancos.
Mas nem sempre os três bancos eram ocupados igualmente. O banco estofado a napa, apesar de ser banco, era mais fofo e o favorito dos homens que se apoiavam nas suas grandes barrigas quando estavam sentados. Já a cadeira florida era a favorita das senhoras que descansavam os bicos de papagaio nas costas da cadeira. Muitas das vezes, ficava vazio o simples banco de madeira... Coitado...
Um dia, com tanto uso que deram ao banco estofado e à cadeira florida, rompeu-se o estofo de napa do banco e caiu o encosto da cadeira florida.
Orgulhoso, restou o simples banco de madeira para dar descanso às muitas pessoas que passavam ali na rua.

Monday, September 24, 2012

ERA UMA VEZ... O Gato Mateus



Era uma vez um gato chamado Mateus.
O Gato Mateus era um gato muito atrevido, mas não porque gostasse muito das sardinhas que as varinas carregavam à cabeça... O Mateus era muito atrevido porque gostava muito de se enrolar nas pernas das varinas e roçar o seu pêlo macio.
Depois ronronava rrrrrr, rrrrrrr... E elas chateadas: - Sai, saiiiiii daqui gato, olha que caio pela calçada abaixo e deixo cair as minhas sardinhas!!!!
Pum, e caíam mesmo e lá ia o atrevido do Gato Mateus todo contente, depois de se enrolar nas pernas das varinas, com uma sardinha na boca.